Rodrigo Faustini

"Não venda seus sonhos por pequenos desejos"
  Rush, Subdivisions

English version  
website pessoal
LOGIN
ID: 
Senha: 
  Entrar
 
Textos
Ciência e tecnologia: o grande bem do século 20?
Quando o bem provoca o mal...
 
How-to
CIÊNCIA E TECNOLOGIA: O GRANDE BEM DO SÉCULO 20?

Durante todo o período da história humana, nunca o mundo evoluiu tanto quanto nos últimos 60 anos e, devemos isso, principalmente, ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia em todas as áreas do conhecimento humano. Será que ambas foram o grande bem do século XX?

Sem dúvida os avanços da ciência (e, consequentemente, da tecnologia) trouxeram uma série de benefícios em favor da melhoria da qualidade de vida de todos nós. No entanto, é preciso abrir a cortina e ver que, ao mesmo tempo, a ciência também transformou o bem em mal quando criou uma tecnologia que amplia a distância entre ricos e pobres, priva de empregos jovens sem instrução e deixa grande número de mães jovens e de crianças desesperançadas e sem ter onde morar. Este mal pode ser visto em muitas partes do mundo, especialmente nas grandes cidades da américa do Sul e do Norte. Na época do Natal, quando se caminha pelas ruas de New York depois do escurecer, vê-se toda a extensão desse abismo. As vitrines exageradamente iluminadas, cheias de brinquedos eletrônicos high-tech para os filhos dos ricos, e poucos metros adiante os cantos escuros das entradas do metrô repletas dos vultos indistintos dos trapos humanos que a nova tecnologia deixou para trás. Cenas antagônicas como essa tornaram-se parte de nosso dia-a-dia.

Há cerca de 60 anos atrás, ricos e pobres eram menos isolados e menos temerosos uns dos outros e a sensação de pertencer a uma comunidade era mais intensa. Os ricos tinham menos trancas em suas portas e os pobres possuíam um teto sob o qual morar. Desde aquela época, a riqueza se acumulou e a sociedade se deteriorou. É como disse Haldane (filósofo e político escocês, 1856-1928): "A tendência da ciência aplicada é de amplificar as injustiças até que se tornem intoleráveis demais para serem suportadas, e o homem comum, que nenhum profeta ou poeta é capaz de sensibilizar, finalmente se move e extingue o mal em sua origem".

A grande maioria dos cientistas se defende ao dizer que as calamidades da sociedade são causadas pela droga, pela disseminação de armas, pela intolerância racial, pelo analfabetismo, pela má qualidade das escolas ou pela dissolução das famílias - e não pela ciência. É verdade que as causas imediatas da desintegração social são morais e econômicas - e não técnicas. No entanto, a parcela de responsabilidade por tais males com que a ciência deve arcar é mais pesada do que a maioria dos cientistas está disposta a admitir. Quando examinamos os processos em uma escala temporal de 50 ou 100 anos, realmente percebemos que a mais poderosa força de mudança é a ciência e que, em seu nome, máquinas tomaram o lugar de trabalhadores manuais pouco qualificados e computadores tomaram o lugar de funcionários administrativos pouco qualificados em todos os ramos da indústria e do comércio. Devido à ciência, a classe média tradicionalmente conservadora (constituída por operários especializados bem pagos) deixou de existir. Devido à ciência, já não existem empregos que paguem o suficiente a jovens sem educação superior para que estes possam sustentar uma vida confortável para suas famílias, a menos que sejam dotados de talentos especiais e muita sorte, como ocorre com jogadores de futebol ou celebridades do cinema ou da música. Devido à ciência, famílias que têm acesso a computadores e à educação superior tornam-se rapidamente uma casta hereditária em que as crianças herdam de seus pais essas vantagens. Devido à ciência, crianças privadas de oportunidades legítimas de ganhar a vida têm fortes incentivos econômicos para juntar-se a gangues e tornaram-se criminosas. Desta forma, a mudança tecnológica impulsionada pela ciência tem sido a causa primária dessas revoluções na base econômica da sociedade. Depois que a mudança tecnológica fecha indústrias e destrói empregos, o declínio da moralidade e a erosão da disciplina se seguem como consequências imediatas e novas causas secundárias de esgarçamento social.

Especificamente no que diz respeito à invasão dos computadores em nossas vidas, imagino que nem mesmo seu criador, o matemático húngaro-americano Von Neumann (1903-1957), tenha previsto o surgimento do computador pessoal e muito menos da Internet, que expandiram-se com velocidade explosiva. Assim como outras mudanças tecnológicas, ambos trouxeram tanto o bem quanto o mal. No lado bom, a popularização da tecnologia nos deu computadores amigáveis, com rostos humanos, acessíveis a pessoas comuns, que os usam para o trabalho e como divertimento. Von Neumann nunca imaginou que os computadores pudessem ser humanizados a ponto de mães o usarem para imprimir convites e as crianças os empregarem para fazer suas lições de casa. Do lado mau, a indústria de computadores domésticos ampliou o abismo entre ricos e pobres. O filho de pais que têm computador se "alfabetiza" na informática à medida que cresce e é inundado por oportunidades de ingressar no mundo da educação, do trabalho e da indústria high-tech. Já a criança sem acesso a um computador doméstico fica para trás neste processo. O analfabetismo informático é uma barreira adicional que a criança pobre precisa suplantar para ganhar a vida honestamente. O escritor norte-americano Alvin Tofler define precisamente essa situação quando afirma que "por volta do ano 2000, aqueles que não tiverem um mínimo de conhecimento de computação serão considerados os novos analfabetos do século XXI".

Livro sugerido: Mundos Imaginados, de Freeman Dyson, Cia. das Letras, 1998


"A ciência e a tecnologia, e as várias formas de arte, todas, unirão
a humanidade num sistema único interconectado.
"

Z. A. Medvedev, no livro "The Medvedev Papers" (1970)


Imprimir...




Por que ter um website pessoal?
Ou o que nos leva a criar um...
 
Antropologia digital
POR QUE TER UM WEBSITE PESSOAL?

Os motivos que levam cada pessoa a decidir elaborar seu próprio site na Internet são diversificados e muito pessoais. No entanto, analisando este fenômeno de forma filosófica, vejo que ter uma homepage pessoal é, embora pouco se perceba, uma forma de arte. As antigas pinturas nas cavernas eram expressões da cultura de povos pré-históricas que documentavam a história de sua gente e de sua época. Cada uma delas ilustra momentos de nossa existência através dos tempos. Algumas delas mostram dor (como na perda de um dedo) e felicidade (como no nascimento de uma nova criança). Páginas pessoais são como pinturas nas cavernas, pois são expressões de cultura e sentimentos das pessoas que as possuem. Da mesma forma, elas documentam a história destas pessoas e um determinado período de suas vidas ou de sua época, pois cada uma delas também conta uma história diferente. Como exemplo, muitas páginas pessoais que são encontradas nos grupos de discussão femininos mostram a dor pela perda de um marido ou a alegria pelo nascimento do primeiro filho. Já outras exibem fotos de uma viagem pessoal realizada durante as férias. Há ainda as que servem como repositórios culturais, tais como os sites de poesia e de bibliotecas que disponibilizam textos e livros online para livre leitura.

Diferentemente das pinturas pré-históricas, as milhões de páginas pessoais que estão no ar (assim como todo o conteúdo da Internet, de forma geral) ajudam as pessoas do mundo de hoje a entenderem e refletirem como é viver nos tempos atuais. Aliás, hoje em dia cada vez mais precisamos de um cartão de apresentação cibernético, um currículo digital. Armar nossa tenda na grande rede, entende?

No entanto, para melhor entender porque cada vez mais pessoas estão construindo homepages e se comunicando umas com as outras pela Internet, é preciso observar os seguintes bons argumentos:

Liberdade de expressão
É o que dá à Internet o potencial de incrível poder.

Desmascaramento dos esteriótipos
Já percebeu que, seja por orgulho, timidez ou medo, costumamos não falar com algumas pessoas por causa de sua idade, sexo, peso, roupas, o carro que ela possui ou o emprego que ela tem? A Internet nos serve como uma espécie de escudo contra os preconceitos óbvios que encontramos na nossa vida cotidiana. Através dos meios virtuais, você pode lidar com uma pessoa sem a interferência desses preconceitos.

Proteção de retaliação direta
A Internet nos fornece um ambiente onde podemos expressar aquilo que pensamos sem sofrermos retaliação direta. Você pode receber flame por e-mail, mas eles ainda poderão ser simplesmente apagados. Por exemplo, pense o quão seguro de si nós nos sentimos quando usamos óculos escuros. Eles formam uma máscara para os olhos, uma espécie de escudo que faz com que nos sintamos protegidos do olhar direto e inquisitivo dos outros enquanto ainda permite que você os observe. A Internet nos dá a mesma sensação - ou o mesmo tipo de proteção - que faz com que você diga e olhe o que quer sem correr o risco de uma retaliação direta e imediata.

As vozes de todos têm o mesmo volume
Aqui na Internet, a voz de uma pessoa pode ser tão proeminente e notável quanto a de qualquer outro indivíduo ou entidade.

Expressão dos taboos
Oh, sim! Quantas vezes nossas mães, professores ou padres nos falaram "não toque, não olhe, não diga"? Na Internet temos a liberdade e possibilidade de explorar os taboos e de desmistificar muitos deles apenas através da possibilidade que temos de conhecê-los melhor (seja por meio da leitura, da pesquisa, da observação, da conversa com outras pessoas).

Sensação de não ser o único
Encontrar outras pessoas que partilhem os mesmos pensamentos, sentimentos e experiências pode ser um evento encorajador, animador, estimulante e excitante para o espírito (embora, particularmente, eu prefira um bom chope na beira da praia...).


Imprimir...




A eterna busca pelo computador infalível
Logo, logo, em uma revenda próxima de sua casa...
 
Tecnologia
A ETERNA BUSCA PELO COMPUTADOR INFALÍVEL

"- Ouvi falar que há um tipo de micro, chamado Macintosh, que não trava nunca..."

A fórmula para construção de um computador totalmente tolerante a falhas (ou livre de erros) sempre foi vista como a busca pelo cálice sagrado da computação. Se revermos o progresso ocorrido na história da computação, desde a época do "byte lascado" ou da "computação a vapor", passando pelo ENIAC (o primeiro computador construído), poderemos considerar se é possível - em teoria - fazer um computador como o HAL 9000 do filme 2001 - Uma odisséia no espaço.

As técnicas existentes para se produzir um hardware estável e livre de erros são bem menores do que aquelas existentes para se criar o software nas mesmas condições e, embora o progresso rumo ao design de dispositivos livres de falha tenha evoluído de forma impressionante desde a Revolução Industrial, nós ainda não sabemos o suficiente (ou ainda não temos todos os recursos disponíveis) para construir tais sistemas.

À medida que a tecnologia rapidamente se espalha por áreas de constante expansão (como bases de dados e sistemas de telecomunicações) e é guiada por sistemas bancários, médicos, computação móvel e a eternamente expansível Internet, parece claro que, no futuro, a maior parte da computação será feita não com mecanismos isolados em localidades finitas, mas de forma altamente difundida, em atividades espalhadas em uma persuasiva teia de processamento de informações. Desta forma, sistemas livres de falhas precisarão ser extremamente adaptativos às constantes mudanças de ambiente (e mesmo a ambientes em constantes mudanças).

Se poderíamos construir algo assim atualmente? Bem, em princípio, parece não haver nada que nos impeça de construir um sistema computacional que seja totalmente livre de falhas. No entanto, teríamos que primeiramente buscar respostas exatas para muitas dúvidas, tais como quais fatores determinariam o quão "poderoso" este sistema seria, qual seria seu design geral (ou plataforma, arquitetura computacional), que tipos de componentes ou materiais usaríamos, como o hardware suportaria o complexo software necessário, etc.

Examinando as previsões do filme 2001... (lançado em 1968!), observamos agora que algumas delas eram muito otimistas, enquanto outras não foram tão suficientemente otimistas assim. De fato, nos últimos 50 anos, progressos na engenharia e na ciência da computação têm surpreendido em alguns aspectos e desapontado em outros. Enquanto alguns sistemas computacionais têm se tornado verdadeiros cavalos de força e demonstrado estarem vários anos-luz à frente de todos os sistemas anteriores aos mesmos, alguns têm prometido muito mas feito muito pouco para seguirem em frente. Atualmente, apenas existem duas maneiras aproximadas de se construir computadores perfeitos - e somente a terceira opção funciona...

Em tempo: Fabricados pela Apple e fonte de inspiração da Microsoft para criar o Windows, os Macintosh são apenas máquinas menos temperamentais (e de organismo mais puro) do que os PCs. Como sua popularidade é bem menor do que a dos computadores do tipo IBM-PC (que engloba o PC-XT, 286, 386, 486 e a família Pentium (do I ao IV), a maioria dos programas que utilizamos habitualmente não funciona neles. Desta forma, usar um Macintosh é como estar naufragado em uma pequena ilha deserta no meio do oceano - embora se passe a fazer parte de uma seleta tribo de usuários fanáticos, comparável a uma seita religiosa extremista e colorida... Amém.
Imprimir...




A fama dos famosos
Ei, mãe! Estou na TV!
 
Opinião
A FAMA DOS FAMOSOS

E essa inversão de valores que ocorre por trás do fenômeno "fama", ou "fama pela fama", ou "sou famoso porque me tornei famoso"? Antigamente, as pessoas se tornavam famosas porque eram especiais; atualmente, as pessoas se tornam especiais somente porque são famosas, sem que tenham feito nada ou muito pouco de tão significativamente útil ou nobre para merecerem isso. Isso é um fenômeno que existe há séculos e é inerente ao ser humano. Não vai mudar. Assim como precisamos de deuses, necessitamos de ídolos. A eles, os holofotes -- por mim, no problem. Cada um de nós admira e valoriza quem julga ser merecedor.

O que realmente me incomoda é que os heróis (os de verdade, e não os inventados pela mídia, que consumidos como produtos ou admiramos feito animais num zoológico) são menos valorizados, admirados ou idolatrados do que essas "celebridades em si". Enquanto um peido de um famoso vira manchete na mídia de massa, aquela senhora polonesa que salvou mais de 1.500 crianças de serem assassinadas pelos nazistas (arriscando a própria vida centenas de vezes) morreu silenciosamente recentemente, com uma breve nota aqui ou ali (e mais: pouco antes de falecer, ela perdeu o Prêmio Nobel da Paz para o ex-vice-presidente americano Al Gore, por conta de uns dispositivos que ele inventou...). "Mas aqueles eram outros tempos", alguém poderá dizer. "Naquele tempo não havia paparazzi, TV, revista Caras ou Capricho etc.". Sim, eram outros tempos (Leão Lobo e outros felinos da mesma espécie nem existiam...) -- e é justamente quando percebemos que ficou um elo perdido em algum lugar do passado nesse meio tempo: para ser publicamente admirado, você tinha que ser especial, ter feito algo especial (preferencialmente para o benefício coletivo). Já hoje em dia, o banal é que é legal.

Conclusão? Não é de se estranhar que, numa sociedade cada vez mais individualista e, paradoxalmente, com as pessoas se esquecendo de manterem o foco de suas atenções em si próprias e em seus próprios sonhos, admiremos cada vez mais as individualidades alheias -- por mais totalmente alheias que elas sejam para cada um de nós e para a sociedade/humanidade. É mais fácil "viver" as realizações e os sonhos dos outros. Pegar carona nas asas dessas borboletas coloridas é mais fácil do que criar asas para voar. Pena que as pessoas pensem assim e não se tornem astros, celebridades de si próprias...
Imprimir...




 







    Ensaios sem compromisso




    Frases

  • Poucos conseguem enxergar o que está além do que se vê.

  • O tempo não para. Pelo menos enquanto a eternidade encontrar o sempre.

  • O futuro do nosso presente não quer saber do passado e, muito menos, da História ou de histórias. Ele acha que pode cortar o cordão umbilical que o mantém atrelado ao que um dia foi. Mal sabe ele, o futuro, que um dia também virará história. Tenha sido, acontecido, ou não. Mas isso já é outra história...

  • Preconceito é a ejaculação precoce da mente.

  • A felicidade é homeopática.

  • Ninguém possui a felicidade. Ela é que nos possui de vez em quando.

  • Religião é quando um grupo de pessoas se une para provocar a desunião entre as pessoas por motivos religiosos.

  • Antes as pessoas se tornavam famosas porque eram especiais. Hoje, as pessoas se tornam especiais só porque são famosas.

  • A solidão não me incomoda. O que realmente me incomoda é a solidão passiva que algumas companhias me fazem sentir.

  • Linguiça é um troço engraçado, não? Eles abrem o porco e tiram suas tripas; depois pegam o porco e o colocam dentro de suas próprias tripas. Ou seja, a linguiça é o porco ao avesso! :-P #mundo_estranho

  • Podemos não saber qual o sentido da vida, mas podemos viver de modo a fazer com que a vida tenha algum sentido. Penso que é possível dar sentido à vida sem que tenhamos que viver procurando sentido nela...

  • Às vezes as melhores respostas são perguntas.

  • Uma foto antiga é uma poderosa máquina do tempo.


    Subir ao início


    Conversa com Brully

    Outro dia eu estava reclamando comigo mesmo porque tinha engordado alguns quilos. Cheguei a brincar, dizendo que poderia "sentir a gravidade competir comigo".

    Meu gordo gato cinza, Brully, sem querer ouviu meu lamento e, para meu total espanto, corrigiu-me dizendo: "Tecnicamente, Rodrigo, a gravidade não compete com você. Einstein via a gravidade como um contorno da tensão do espaço em torno de objetos densos."

    "Não diga!", respondi surpreso, mais para provocá-lo do que para demonstrar que estava interessado.

    Brully continuou, "Mas eu desenvolvi outra teoria."

    "Vamos ouvi-la, bicho confuso.", respondi (sempre notei que ele odeia quando chamo-o assim. Mas eu também não estava muito agradabilizado por ter sido chamado de "objeto denso").

    Brully então começou a explicar como o universo foi formado em uma grande explosão. "Toda a matéria expandiu-se a partir de um núcleo em todas as direções - de acordo com o que a maioria dos cientistas concordam - mas em contrapartida..." - e esse era o ponto que chamou a atenção de Brully - "...toda a matéria cresceu rapidamente em tamanho". De acordo com Brully, "ninguém percebe que tudo está ficando maior porque todos os nossos aparelhos de medida e plataformas de referência estão crescendo nas mesmas proporções. O único efeito perceptível de que tudo está crescendo é a ilusão da gravidade".

    "Por exemplo:", Brully continuou, "se você pular para o alto, de início a distância entre você e a Terra cresce."

    "Mesmo?", eu reagi.

    Brully ignorou meu ar irônico de sabedoria e continuou, "Mas enquanto você estiver no ar, a Terra fica maior, você fica maior e a distância entre você e a Terra diminui. A gravidade é apenas uma ilusão em um universo em constante expansão."

    Aquilo me impressionou. Eu cai em profundo silêncio. Passou-se um minuto até que eu pudesse falar novamente.

    "Brully," disse, "você percebe o enorme potencial econômico que temos aqui?"

    "Pois não...", ele respondeu, um tanto quanto auto-complacente.

    Então eu vendi Brully para o circo por R$ 500. Não se encontra um gato falante todos os dias e, quando se tem essa sorte, não devemos desperdiçá-la...

    Subir ao início


    O vento das horas
    (Memórias do fogo)

    O vento das horas me faz pensar com higiene e criar notícias suas, notícias fora de foco, notícias silenciosas. A velocidade estática com que minha mente sai dos trilhos rasga violentamente as páginas de minha imaginação na busca dos fundamentos, abstrações colhidas no Jardim dos Esquecidos.

    O vento das horas me faz sentir o primeiro dos homens, à procura do Senhor dos Sonhos, um deus ateu vestido num reluzente traje de losangos, sentado submerso numa piscina de luz crua.

    O vento das horas sopra forte através do fluído de minhas mais amargas lembranças, me fazendo assumir uma dimensão humana maior e forçando-me a vazar todo meu reservatório emocional, me arriscando a regar e nutrir as mesmas sementes do passado, firmemente enraizadas no Jardim, no Jardim dos Pensamentos Esquecidos, numa interseção do infinito onde a eternidade encontra o sempre.

    Subir ao início


    Desejos de querer

    Não quero falar do dinheiro
    Não quero falar do trabalho
    Não quero falar dos compromissos
    Não quero falar dos gastos e despesas
    Não quero falar do dia-a-dia

    Quero falar da noite-a-noite
    Quero viver a noite
    Quero falar dos sonhos
    Quero falar das imagens
    Quero falar das cenas imaginadas
    Quero falar dessas imagens encenadas
    Quero viver em um cenário imaginado
    Quero imaginar um palco de luz
    Quero falar da luz
    Quero poder ver através da parede de luz
    Quero poder me iluminar
    Quero poder encontrar algo que faça me achar comigo mesmo além do espaço-tempo, além da parede de luz
    Quero poder o que nem todos querem
    Quero ver a face de Deus
    Quero poder tocar Deus
    Quero poder tocar flauta com Deus

    Apenas quero

    Apenas vivo e, enquanto vivo, espero

    Apenas desejo voltar ao início de tudo
    Apenas desejo ter o futuro

    Apenas vivo e, enquanto vivo, danço

    Só quero o passaporte para outra vida, distante dessa
    Só quero iniciar toda essa viagem

    Subir ao início


    Mares de Roma

    Pares
    Ares
    Mares
    Marés
    Villares
    Pilares
    Aço Villares ©
    Pilhas
    Ilhas
    Vilas
    Vigas
    Pares de pilhas de aço Villares ©
    Pares de pilhas de vigas de aço Villares ©
    Soma
    Doma
    Goma
    Roma
    Pilares das vilas de Roma
    Pilares das vilas das trilhas de Roma
    Pilares das vilas das trilhas dos mares de Roma
    ...

    Mar, em Roma?

    Subir ao início


    Confissões noturnas

    Se não houvesse a noite, talvez não estaria escrevendo esta ingênua confissão: viveria ocupado demais durante o dia para ter tempo e clima para me deixar levar por sentimentos noturnos. Então vejo que, talvez por mera sorte ou por traços minuciosamente estruturados do destino, nasci e renasci no mundo ideal (?!). Considerando os atritos, resistências, pesos e forças de repulsão desprezíveis, vivo harmoniosamente o critério "noite-dia" estabelecido para este planeta. E em qualquer lugar deste mesmo mundo em que eu esteja, a noite é eternamente (é claro, no sentido de até enquanto dure) a mesma.

    Porém, os sentimentos, emoções e sensações que ela produz variam em tempo, forma e densidade, de acordo com nossa imaginação, ou em que estamos ou queremos pensar. Ela apenas dá margem aos nossos sonhos, alimenta nossos desejos e nos hipnotiza com seu ar rarefeito de ilusão. Mas a noite também é suficientemente densa e grande para fazer-nos perder em labirintos de desesperos e frustrações. Mais do que vontades que não vem ao caso, jardins em flor ou viagens rumo ao não imaginário, a noite constantemente me interroga sobre meus sofrimentos, realizações abortadas, pré-ações censuradas e planos de fuga do ambiente dito normal.

    E, aos poucos, confesso meus maiores crimes, meus fracassos e excitações. Pouco a pouco vou me tornando ouvinte de meus sinceros relatos e leitor de minhas satisfações. Crio e monto um mundo só meu (eu consciente, eu subconsciente), onde convivo sozinho comigo mesmo, e de vez em quando me esbarro por aí. Um mundo que só conhece a noite, que só brilha à noite. Um verdadeiro - ou irreal ? - tribunal de minha consciência, onde quase sempre estou sendo condenado por mim mesmo, pela gravidade de minhas confissões noturnas...

    Subir ao início


    Sentimentos noturnos

    Sou eu e sou fatal.
    Sou o mal de quem faz o bem mal.
    Incorporo uma reação em cadeia.
    Assumo minhas ilimitações.
    Sou extremamente sensível, psicologicamente maleável.
    Me mostro rude, interiormente estruturado.
    Sinto coisas altamente estranhas.
    Transmito nas frequências mais inertes.
    Capto irradiações incompreensíveis mesmo a mim mesmo.
    Amo os outros, odeio a todos.
    Sou capaz de amar por uma noite inteira uma mulher como jamais desejei amar ninguém - mas posso desprezar por uma vida inteira quem um dia amei.

    E jamais me esqueço de quem um dia amei.
    Me esqueço de me lembrar que às vezes sou muito esquecido.
    "Sou um museu de grandes novidades".

    Passo noites em claro tentando desvendar o mistério maior entre mim e os outros, como eu talvez. Hiberno durante a luz do dia e para depois viver intensamente o desejo da paixão, vagando pela noite, como à procura de uma passagem secreta rumo caos, onde só existam eu, meu repositório imaginário e uma grande realidade vestida de gala; onde sobrevalessa a possibilidade irreal das coisas, a harmonia espaço-cósmica ideal e um grande ninho de amor, eternamente e sempre, eu e ela.

    Subir ao início


    Viagem doce viagem

    Sentei-me para uma viagem
    Me preparei para fazer essa viagem
    Tentei iniciar a viagem
    Queria fazer uma viagem!
    Uma viagem incomum, tão incomum quanto qualquer outra viagem

    Não sei se quero voltar dessa viagem
    Só sei que essa não é qualquer viagem
    Essa me parece ser uma difícil viagem

    Não conheço os destinos a que levam essa viagem
    Mas imagino loucamente os caminhos por que passarei nessa viagem

    Essa é uma viagem de ida, única viagem
    Essa é uma viagem de volta, dupla viagem
    Por que não uma viagem de ida e volta, só viagem ?
    Por que não uma viagem sem volta, eterna viagem ?
    Por que não viajar sem ir, fictícia viagem ?

    Vou curtir uma viagem sem sair de viagem
    Vou me lembrar das paisagens sem fazer a viagem
    Vou sair do lugar sem precisar de viagem
    Vou fugir para bem longe de mim sem pagar caro por uma viagem

    Viagem doce viagem

    Ah! Vou comer vagem na viagem
    Habitarei endereços cósmicos temporários e virgens durante a viagem
    Enviarei cartões postais com as fotos dessa viagem
    Verei como as virgens agem sem bagagem na viagem...
    Sentirei vertigens nessa viagem...

    Quero me perder nessa vertiginosa viagem

    Vou passar sob um viaduto durante a viagem
    Vou esbarrar num viandante viário pela viagem
    Vou tornar viável a viagem
    Vou me transformar num inerte viajante em viagem
    Mas não serei o único tripulante dessa viagem

    Abrirei uma agência de viagem
    Mas não serei o único a viabilizar a viagem

    Me digam por favor onde se embarca para uma viagem
    Me digam por favor como se faz nessa viagem
    Me digam o que é essa viagem...
    Alguém me diga como é essa viagem...

    Subir ao início


    Os sistemas de complexidade

    São simples. São como peixes. São peixes! São numerosos em diversidade como uma rede cheia de peixes e contêm incontáveis elementos como em um cardume só de peixes. Mas são tão simples quanto os peixes. Ora, quem nunca viu um peixe?

    Subir ao início


    Sombras do pensamento

    As sombras do pensamento perseguem minhas idéias, essas abstrações geradas no habitat do saber, ninho dos sonhos ocasionais

    Mens sana

    As sombras do pensamento são vultos, fantasmas renascidos do jardim da mente

    Mente sana

    As sombras do pensamento circundam o corpo de minhas construções do imaginário, manifestações introspectivas de meu eu virtual

    Mens sana, sombra insana

    Subir ao início


    Fatos de um dia

    Los Angeles, Califórnia. Uma senhora de 87 anos mantém vários relógios despertadores intermitentes posicionados estrategicamente pelo quarto para assegurar que ela efetivamente levante da cama pela manhã, por ter que realmente levantar para desligá-los. Certo dia, os despertadores não pararam de tocar. A forte sinfonia de sons de sirenes, cucos, sinos e carrilhões alastra-se pelo quarteirão e chama a atenção dos vizinhos, que ligam para a polícia. Alguns garotos penduram-se na cerca da casa para ver o que está acontecendo e são mordidos pelo cachorro da velha, sendo que o cão se nega a descravar os dentes da canela de um deles. Seus amigos puxam-no para um lado, enquanto os amigos do cachorro puxam do outro. O corpo de bombeiros é acionado para intimidar o mamífero fora de si. O cachorro continua cravando os dentes nos músculos do garoto enquanto rosna ao estímulo de qualquer acordo por parte do bombeiro. A vizinha do lado chama a carrocinha. A carrocinha chega. Sem perder tempo e nem falar nada, o funcionário da carrocinha passa a rede no garoto, com cachorro e tudo. A carrocinha se vai, levando junto o pai, a mãe, a avó e um primo de terceiro grau do cunhado do irmão do menino, todos querendo intervir. Agora os bombeiros tentam abrir a porta da casa com um pé-de-cabra. Um funcionário da prefeitura que estava passando tenta, com um decibelímetro, medir a intensidade sonora emitida pelos despertadores e descobre que o barulho externo à casa, provocado pela falação dos vizinhos, é ainda maior. Ele multa todos os moradores do quarteirão por perturbação da ordem pública e excesso de barulho, inclusive a velhinha. O barulho aumenta. Os moradores reclamam e protestam. O funcionário da prefeitura tem que sair do local escoltado pela polícia. Um calor infernal desce sobre o bairro. Os moradores dos prédios ao redor põem as cadeiras nas varandas de seus apartamentos e sentam-se para assistir. Um vendedor ambulante oferece rosquinhas caramelizadas e marshmallows. De repente, começa a chover. Ninguém se entende. Chegam os repórteres da TV.

    Pela Colômbia, em viagem de excursão. O ônibus, sem banheiro, tem o motor na frente, ao lado do motorista, onde tenta rugir mais alto que a transmissão do velho rádio pendurado no teto e serve para esquentar as marmitas dos passageiros. A estrada apresenta alguns trechos irregulares, onde até mesmo se pode ver o asfalto. A paisagem é de uma pobreza apavorante. Faz um calor de rachar o chão. Um dos turistas americanos, em uma das inúmeras paradas em um dos bares de beira de estrada, fila um cigarro caseiro de uma índia velha. O teor é divino, encorpado, principalmente entre um gole e outro do aguardente fabricado no alambique local. Após a terceira tragada, ele subitamente começa a entoar antigos cântigos em castelhano e acorda 3 dias depois em um hospital público da cidade, vestindo o uniforme de um time local, afirmando ter sido obrigado por duendes e gnomos a comer cogumelos mágicos em uma floresta tetra-dimensional e dizendo ter experimentado uma viagem ao nível superior da consciência vegetal das plantas. Só depois lhe contam que, no auge do coma e debatendo-se na cama, descrevia com detalhes minuciosos a composição da fórmula C13H18(20)N2O3P2 e insistia para falar com Pablo Escobar.

    Dublin, Irlanda do Norte. Um consultor que trabalhou 13 anos escrevendo um livro sobre as possíveis soluções econômicas mundiais leva seu único manuscrito de 850 páginas para ser copiado e tem seu futuro livro reduzido, em segundos, a 50.000 pequeninas e finas tiras de papel, quando o novo funcionário da gráfica confunde a copiadora com o triturador elétrico. Parece que suicidou-se, horas depois.

    Radnor, Pennsylvania. A polícia interroga um agricultor simples e assustado, suspeito de assassinato, colocando uma cuia de metal em sua cabeça e conectando-a com fios à máquina de xerox. Uma folha com a mensagem "Ele está mentindo!" é colocada na copiadora e os policiais pressionam o botão de cópia toda vez que eles acham que o suspeito não está dizendo a verdade. Acreditando que o "detector de mentiras" funciona de verdade, o suspeito então confessa.

    Paris, França. Uma viúva saudosa - e prática - colocou parte das cinzas do marido dentro de uma ampulheta de cristal que ela usa para medir o tempo de cozimento dos ovos. Ela afirma que sempre teve dificuldade em acertar o ponto certo dos ovos e mandou fazer a ampulheta com parte das cinzas do marido falecido para ajudá-la e para recordá-lo com carinho.

    Rochertershire, Inglaterra. Um padre da Igreja Anglicana britânica, expulso da congregação por conduta inadequada, tem uma desagradável surpresa ao buscar seus direitos junto ao tribunal de sua cidade. O juiz decidiu que ele não pode apelar para um tribunal terreno porque seu antigo patrão está no céu, complementando que um ministro religioso serve à Deus e não há um contrato de trabalho com qualquer patrão terreno sobre seus deveres. E nem adiantaram os argumentos do padre que, neste caso, só o Criador poderia despedi-lo. As partes não conseguem entrar em acordo. O tribunal fecha as portas. Anoitece. Estão nisso até agora.

    Kristiansand, Noruega. A polícia da cidade apreende dois vasos de plantas com pés de maconha, mas não precisa ir muito longe: os vasos estavam na janela da própria delegacia. Os policiais foram alertados por uma mulher que passava pela rua, que não acreditou no que estava vendo. "Eu levei um susto. As folhas são bem características. Como é que ninguém notou?", disse ela ao jornal Faedrelandsvennen.

    Acapulco, México. Um padeiro da cidade foi pego com a mão na massa, vendendo pães pela absurda quantia de 5 mil pesos cada (cerca de US$ 5,00). A explicação estava no recheio, um papelote de 2 gramas de cocaína. A senha dos compradores era pedir pão recheado com queijo, um produto que ele não fabricava em sua padaria, mas que tinha uma enorme procura, incluindo pedidos em grande quantidade para festas e ordens de entrega a domicílio.

    Estocolmo, Suécia. Uma prostituta leva um cliente relapso às barras de um tribunal de pequenas causas para cobrar uma hora que ele havia marcado com ela em um hotel para receber uma massagem completa e não apareceu. Ela argumenta que "se alguém falta ao médico ou ao dentista, assim mesmo tem que pagar a consulta", então reinvidica o mesmo direito. Antes de o juiz se pronunciar, o cliente faz o mea culpa e paga US$ 200 à queixosa.

    Phoenyx, Arizona. Um ônibus transportando 5 passageiros colide com um carro em um cruzamento. Quando a polícia chega ao local, 14 pedestres - que espertamente subiram no ônibus nesse meio tempo - começam a reclamar de dores no pescoço e nas costas, exigindo indenização da empresa de transportes urbanos.

    Los Angeles, Califórnia. Um homem, que mais tarde afirmou que "estava cansado de andar", rouba um skate motorizado na porta de uma loja de departamentos e faz a polícia o perseguir a 5 km/h até que um oficial sobe a bordo do "veículo" e o faz parar.

    Wichita, Kansas. Policiais prendem em flagrante um homem de 32 anos no guichê do aeroporto depois que ele tenta pagar uma passagem com duas notas de US$ 16,00 entre as demais. Ao ser interrogado, admite ter se distraído quando confeccionava as formas que serviriam de molde matriz para a falsificação do dinheiro.

    Subir ao início


    Pedaços da vida

    "Mamãe, como as pessoas são por dentro?"

    "Bem, querido, elas se parecem muito com a carne que compramos no supermercado. Tipo o presunto que comemos na noite passada."

    "A senhora já viu alguém por dentro?"

    "Mmm-hmm... Algumas pessoas pegaram um homem morto que estava muito mal, fatiaram ele em pedacinhos muiiiito finos e colocaram as fotos desses pedaços aqui nesta enciclopédia em CD-ROM, veja..."

    "Mamãe, eu estou amedrontado."

    "É a vida, filho."

    Subir ao início


    Para seu prazer

    "Ei, querido, você sabe que eu odeio estas, ãh..., coisas!"

    "Coisas?!"

    "Sim, você sabe, estas coisas que você me faz usar..."

    "Oh, essas coisas... É mesmo?"

    "Bem, ãh..., eu estive pensando que talvez eu não terei que usá-las mais. Olhe o que eu trouxe para casa para você. Aqui!"

    "O QUÊ?! Sua anormal!"

    "Hã? O quê? Mas eu pensei que..."

    "É, eu sei o que você pensou! Você pensou que poderia me fazer trocar aquilo por esta coisa!"

    Subir ao início


    Crônica inacabada

    Sua família aguardava-o para o jantar, como sempre faziam de costume. O relógio marcava 11 horas da noite. Ele nunca havia demorado tanto a chegar em casa.

    ...

    Londres, Inglaterra, junho de 1981. É um dia muito frio e a cor cinza do inverno está por toda parte. Em meio ao fog que se espalhava pelas ruas da cidade, Jack guiava sua velha Barchetta vermelha rumo ao trabalho. Chovia nesse dia e Jack dirigia enquanto fumava um cigarro e tentava desembaçar o vidro do carro com as mãos, devido ao frio e à umidade excessivos, enquanto aumentava o volume do rádio, que tocava "The camera eye". No banco de trás, pastas com alguns projetos e uma cópia de "A nice morning drive", sua crônica predileta. "Como a cidade fica mais atraente durante o inverno", pensou. "Especialmente quando chove". Aproximamente 21 milhas separavam sua casa de seu local de trabalho e o tráfego normalmente encontrava-se congestionado pelas manhãs, principalmente na altura de Westminster, um dos seus locais de passagem obrigatória. Jack desenvolvia projetos arquitetônicos para uma das maiores empresas do ramo de engenharia civil da Europa. Era um homem sereno, um profissional competente e um filho prestativo e dedicado. Aos 34 anos e ainda solteiro, morava com sua família em um bairro de classe média próximo à Picadilly Circus. Ajudava nas despesas da casa e, junto com sua irmã, dois anos mais nova que ele, tentava sempre que possível melhorar as condições de vida de seus pais. Formavam uma família feliz, embora frequentemente enfrentassem crises internas. Além disso, Jack possuía seu carro, um bom emprego, uma vida estável e um cachorro que o recebia todos os dias no portão de sua casa, ao chegar do trabalho. O que mais Jack poderia querer?

    Seu carro, um modelo 1959 comprado de um primo italiano, apesar de um pouco antigo, nunca lhe havia causado nenhum problema. Até aquele dia. Restava um pequeno trecho para que ele chegasse ao trabalho, quando repentinamente o motor do carro parou de funcionar, obrigando-o a parar no acostamento. Em meio à chuva, saltou do carro e abriu o capô para verificar o que havia acontecido. A correia do carburador havia se rompido. "Já não era sem tempo, em 22 anos...", pensou. "Mas tinha que ser agora?". Àquela altura ele encontrava-se em uma pequena estrada em meio a um bosque, em uma das poucas áreas intensamente verdes da região e uma das vias de ligação entre o centro da cidade e a periferia e vilarejos que se situavam ao redor de Londres, logo após a saída da cidade. O movimento de veículos era muito pequeno naquele horário e ele não sabia se tentava pedir uma carona para voltar à cidade, se esperava passar algum ônibus que pudesse fazê-lo chegar ao trabalho ou se tentava, por telefone, requisitar um serviço de guincho, já que de onde estava conseguia avistar uma cabine de telefone público a cerca de uns 50 metros dalí. Sem perder muito tempo, ele então decidiu ligar para sua família e solicitar que procurassem por um mecânico e o enviassem ao local onde estava. Protegendo-se um pouco da chuva com uma capa improvisada por plantas de projetos antigos, correu até a cabine. Para acentuar sua falta de sorte o telefone estava mudo, provavelmente devido a algum problema causado pela forte tempestade ocorrida na noite anterior. Decidiu então voltar para junto de seu veículo e tentar pedir carona em direção à cidade quando, através dos vidros da cabine, pôde avistar uma pequena casa de campo discretamente escondida entre as árvores, afastada cerca de 100 metros do asfalto, bosque adentro. Jack era um homem bastante observador e pôde perceber que os postes que conduziam os cabos telefônicos ao longo da estrada estendiam-se até aquela casa, o que imediatamente o fez concluir que, lá havendo um telefone, poderia pedir para efetuar uma ligação para sua família e outra para seu local de trabalho, avisando que devido ao ocorrido chegaria atrasado naquele dia. Saiu então da cabine e iniciou sua caminhada rumo àquela casa. Um agricultor que ali passava em seu pequeno caminhão, indo em direção ao centro da cidade, chegou a parar para saber se ele precisava de alguma ajuda, já que vira o carro de Jack com o capô ainda aberto. Agradecendo, Jack dispensou-o ao explicar com confiança e, precipitadamente, que já tinha uma solução. [A SER CONTINUADO...]

    Subir ao início


    Descobertas indispensáveis

    Recentemente, cientistas descobriram que o formato das células da planta collenchyma e o formato das bolhas na espuma da cerveja são os mesmos, pois ambas são ortotetraquidecaedrons. Eu fico imaginando como pude ter vivido até hoje sem esta informação...

    Subir ao início


    Algumas deduções lógicas

    Lagostas campestres pastam de forma coloquial, trilham as ocas terrenas e seguem perigosamente o caminho traçado pelos deuses do ar. Pelo mar, radares óticos captam transmissões divinas emitidas de um ponto material qualquer. Os lugares se perdem entre si e entre o lugar nenhum. O nada está sempre cheio de coisa nenhuma; ele é visivelmente invisível, sente-se pelo gosto, um tempero oco de vácuo incandescente. Relógios sem ponteiros marcam seu tempo de vida. De nada adiantaria, pois estão normalmente atrasados e girando no sentido anti-horário em relação a qualquer das infinitas horas perdidas.

    De repente a lembrança surge em meio ao estalo da macumba evaporada, do oxigênio rarefeito, desgastado por narizes entupidos de meleca industrial, pré-filtradas pelo sangue vermelho, adquirindo formas grotescas e barrocas durante a respiração geral; formas de escultura, anti-cultura e, momentos após, ex-cultura, adubo orgânico sem prevista utilidade prática ou definida. Apenas diversão pessoal, ou uma cabeluda falta de educação social.

    Escroto esgoto, grotesco parentesco: formas diferenciadas entre si. Certamente os canos sempre vão dar em lugares podres e fechados, desembocar na boca dos boçais, matar animais simples e caseiros, produzir e conduzir através do fogo uma possível criatura gelada, um enorme monstro de neve de nariz vermelho e bafo quente.

    O inexplicável é justo aquilo para o qual não nos foi dada a oportunidade da explicação integral. Por isso são todas coisas anormais, ao alcance de poucos animais e raros gurus porra-louca.

    Umectante é o coral corado coroado por sua estonteante beleza cósmica-aquática, sua sede de nitrogênio líquido em contato com o ambiente cheirável.

    As minhas mentiras sempre serão verdadeiras enquanto eu falar de verdade as mentiras. Mentira seria falar a verdade sem querer. Verdade seria mentir por querer. Querer falar a verdade ou mentir é um ato verdadeiro. Falo a verdade porque minto mentir. Sou honesto porque sou desonesto com a desonestidade. Sou um canalha!

    Subir ao início


    Sonho

    A realidade

    Queria viajar a outros mundos da mente
    Uma viagem que me retirasse temporariamente deste mundo de fria realidade
    Onde tenho que olhar para os olhos do faminto
    Sem poder acordá-lo para o que ele poderia ser

    Vivo meu cotidiano com o pensamento repleto de imagens
    Imagens vindo em rápidos flashes na minha mente
    Imagens que dariam prazer aos meus olhos
    Me chamando, me enchendo de desejos

    Sei que há outras dimensões
    Sei que existem as zonas do além de mim
    Sei que posso chegar até lá

    Eu sei que meu desejo é mais que um pensamento
    Talvez seja apenas um sonho...
    Mas e se eu puder entrar neste sonho?

    Procuro por uma resposta para esta pergunta...


    O sonho

    Então ouço susurros sobre lendas de imortalidade, o maior dos mistérios humanos
    Lendas de uma vida imortal em um paraíso distante daqui
    De um livro antigo tirei a pista que me levou a escalar as desconhecidas montanhas geladas das terras do norte
    Apenas o tempo e o homem sozinhos, contra o frio vento das horas
    O último homem imortal a adentrar as cavernas de gelo para achar o segredo do rio Alph
    O último homem imortal a adentrar as cavernas de gelo para procurar pelo desconhecido perdido - o amuleto mágico da vida, que me levaria para a doma do prazer, onde experimentarei eternamente e de forma diferente os frutos da vida
    Onde saborearei orvalhos de mel
    Onde beberei o leite do Paraíso

    Finalmente, em uma das cavernas de gelo encontro o amuleto, junto à uma inscrição na parede que diz:
    "Você estará lá quando ensinar o que aprendeu"
    Amuleto nas mãos, volto ao meu lugar
    Volto para pregar às gentes tudo que sei e aprendi sobre as histórias do desconhecido

    "O que vocês possuem é seu próprio reinado
    O que vocês fazem é sua própria glória
    O que vocês amam é seu próprio poder
    O que vocês vivem é sua própria história
    Em suas mentes estãos as respostas
    Deixem que elas os guiem
    Deixem seus corações serem suas âncoras e a batida de suas próprias canções
    "

    Dias, semanas, meses, anos, tempos passam por mim
    Sinto que realizei minha missão
    Agora o que será de meu destino que fará o que será de mim?

    Sinto-me desiludido e desesperançoso perante a mesmice dos dias
    Sinto-me aprisionado em minha própria realidade
    Sinto que nunca sairei daqui
    Nunca sairei deste dia-a-dia sem sentido pra mim

    De repente, um homem de aparência agradável caminha até mim e me cumprimenta. Ele sorri e diz que sente prazer em me conhecer. Por baixo de seu chapéu se esconde algo estranho. Ele o retira - em seu rosto vejo três olhos. Subitamente a verdade se falsifica e toda lógica se perde em si. Agora a quarta dimensão está cruzada - eu entro na zona do crepúsculo. Além deste mundo coisas estranhas são conhecidas. Ele diz "Você cumpriu sua missão. Sou o mago que realizará seus desejos". Então ele põe em minhas mãos uma velha chave dourada e continua "Use a chave, destranque a porta. Venha ver o que seu destino traçou para você, explore a criação de seu sonho, entre em seu próprio mundo de imaginação."

    Nunca pensei que seria assim
    Como estive perto de perdê-lo
    Sinto que este é o caminho que devo seguir


    O pesadelo do sonho

    Acordo em uma caverna lúgubre e solitária
    Vejo-me em um lugar distante de mim, olhando para uma atmosfera melancólica
    Estou em Megadom, onde cidade e céu se tornaram um só elemento, unidas por um plano único, num vasto mar de cinza contínuo
    Ao alto, duas luas gêmeas fazem suas órbitas através do céu de aço

    Uma inscrição no chão parece dizer:
    "Aqui você não precisará imaginar como ou por que
    Todos os presentes da vida estão entre estas terras
    "

    Apesar de minhas frustrações eu pensava que tinha uma vida boa
    Pensava que era feliz
    Então encontro alguma coisa que muda tudo...

    Atrás da castata de água, em uma pequena câmara que se escondia sob a caverna, encontrei algo. Soprei para remover a poeira dos anos e peguei-o, segurando-o com reverência em minhas mãos.

    O que este estranho objeto pode ser?
    Quando eu o toco, ele emite um som harmônico
    Ele possui fios que vibram e produzem música
    O que pode ser este estranho objeto?

    Não tinha idéia do que aquilo poderia ser, mas seu som era agradável. Então, aprendi a encaixar meus dedos entre as cordas e a fazê-las soar diferentemente. Ao pressionar as cordas com minha outra mão, produzi meus primeiros sons harmoniosos e logo minha própria música! Como aquilo poderia ser tão diferente do sons dos velhos templos de minha era?

    Não posso esperar para falar ao mago sobre isso
    Mal posso esperar para partilhar esta nova maravilha
    Todas as pessoas verão sua luz
    Deixarei que todos façam sua própria música
    As gentes exaltarão meu nome esta noite

    Encaminhei-me para a saída da caverna e procurei descer as montanhas
    Iniciei minha caminhada rumo ao templo sagrado de Megadom
    Iniciei minha caminhada rumo ao encontro de Dionisius, deus do prazer

    Dionisius me esperava no salão principal, saboreando velhos vinhos com seus bacchants
    Sua oponente voz ecoou através dos grandiosos corredores do templo ao saudar meu nome.

    "Seja bem-vindo mortal!
    Eu trago amor para lhe consolar na escuridão da noite
    Eu trago risos, eu trago música
    Eu trago prazer e eu trago lágrimas
    Eu aliviarei seus medos mais primários
    Tudo que você precisa é acreditar em seus sentimentos
    Apenas o amor pode conduzi-lo ao caminho correto...
    "

    Subitamente, através de uma uma nuvem de fumaça, o mago toma o lugar de Dionisius
    Ao invés da recepção de júbilo, seguiram-se palavras de silenciosa rejeição.

    "Encontrei um milagre secular e pensei que vocês deveriam saber. Ouçam minha música e percebam o que ela pode fazer. Há alguma coisa aqui tão forte quanto a vida e sei que isso alcançará vocês."

    Sob o insistente silêncio que se fez assim que terminei de tocar, olhei para o teto e vi formar-se um círculo de faces sinistras e inexpressivas. Ao invés de aprovação, solene rejeição. Assisti em choque e horror o mago transformar meu precioso instrumento em pequenos pedaços embaixo de seus pés, antes de me expulsar dali.

    Entristecido e desapontado, abandonei aquele lugar e retornei à fria caverna, de onde não tenho saído por vários dias. Ela tornou-se meu último refúgio em meu total desespero. Agora tenho apenas a música da castata de água para me confortar. Não posso mais retornar e viver sob os olhares de reprovação do povo de Megadom, e não há outro lugar para ir. Minha última esperança é que com minha morte eu viaje de volta à realidade de onde parti ou talvez finalmente consiga passar para o verdadeiro mundo de meus sonhos e finalmente conhecer a paz.

    Milhares de anos se foram
    Mas o tempo e a morte não passaram por mim
    Estrelas pararam no céu, congeladas em uma eterna visão
    Esperando o mundo terminar
    Diluído pela escuridão e pela graça líquida da noite
    Agora rezo por luz
    Rezo para que volte a ver a luz nessa prisão do perdido desconhecido
    Rezo para libertar-me das correntes dos longos anos
    Pergunto ao meu sonho se ele não poderá me mostrar a luz

    Não tenho mais esperança de sair daqui
    Estou preso na doma do prazer, neste espaço atemporal, neste lugar congelado pelo tempo
    Na doma onde saboreei meu mais glorioso triumfo
    Agora, já como um louco homem imortal, sei que nunca mais retornarei
    Nunca mais escaparei deste falso paraíso de frio e silêncio eternos
    Onde das chuvas ainda espero saborear orvalhos de mel
    Onde da velha castata ainda espero beber o leite do Paraíso

    Certa noite, ouço uma voz que diz:

    "Sou Apollo, deus da profecia e da poesia
    Eu trago verdade e entendimento
    Eu trago discernimento e sabedoria
    Preciosos presentes sem comparação
    Posso construir um mundo de maravilhas
    Posso torná-lo totalmente alerta
    Lhe darei comida e moradia
    Lhe darei fogo para mantê-lo aquecido durante as intermináveis tempestades de inverno
    Você pode viver em graça e conforto no mundo que você mesmo transformar
    Agarre-se às correntes da razão e sua prisão desaparecerá
    Logo você estará livre para deixar os labirintos dos domínios de Megadom...
    "

    Meu coração e mente colidiram em uma nuvem de dúvidas e medos
    Após tantos anos, sinto meu espírito dividido em dois hemisférios separados
    Presencio meu próprio Armagedom
    Adormeço em solidão de mim, como nos outros tantos dias de minhas eras...


    O retorno

    Acordo de madrugada, sozinho, em uma das ruas de minha cidade natal - ela está vazia...
    O frio enrijece minha pele
    Caminho lentamente até minha casa através das ruas silenciosas, imaginando porque não há ninguém por perto
    Levanto os olhos e vejo um garoto gigante
    E logo percebo que me tornei seu mais novo brinquedo
    Não há saídas, nem lugares para se esconder
    Aqui onde tempo e espaço se colidiram

    Grito por ajuda
    Mas não há ninguém lá para me ajudar
    Grito aos deuses de outrora
    Mas nenhum deles está lá comigo agora
    Meu destino está vazio
    E ninguém parece me ouvir
    Simplesmente não compreendo porque as entidades desapareceram
    Justamente agora quando mais preciso de uma mão que me guie

    Caminhando, lembro-me
    Lembro-me de quando segurei o objeto na caverna pela primeira vez em minhas próprias mãos
    Lembro-me de como o peguei com tanta curiosidade
    Ainda me recordo de seus sons mágicos
    Ainda me recordo de minha música

    Escondido em um beco escuro e já exausto, caio em sono profundo
    Sinto-me escapar para outra dimensão além dos domínios da noite
    Pergunto ao meu sonho se ele não poderá me mostrar o caminho de volta

    Aterriso no topo de uma grande escada de pedra espiralada
    Um oráculo encontra-se à minha frente
    Um ser de luz vem ao meu encontro

    "Sou Cygnus, entidade da harmonia
    Eu tenho memória e consciência, mas não tenho contorno ou forma
    Como espírito desencarnado, sou morto e também ainda não nascido
    Eu passei para o Olimpus, conforme dizem as velhas lendas
    Passei para a cidade dos imortais, mármore branco e o mais puro ouro
    Daqui vejo os deuses travarem batalhas no firmamento, trovões rasgando o céu
    Não posso me mover, não posso me esconder
    Sinto um silencioso choro me consumir por dentro
    "

    Não consigo resistir ao seu carisma
    Ele segura minha mão e me leva a anos-luz dali
    Através de noites astrais, dias galáticos
    Sinto minta mente faminta
    Vejo trabalhos feitos à mão, aquedutos que levam a terras fabulosas e inscrições em paredes de cavernas, onde se podia ler:

    "Deixamos o planeta há muito tempo atrás. Entretanto, nossa antiga raça ainda aprende e cresce. Com o tempo, seu poder se fortalecerá sob o forte propósito de poderem voltar ao lar de onde vieram e aonde pertencem."

    Do ponto mais alto do Monte Olimpus podia ver um mundo de dúvida e medo, com sua superfície dividida em dois extremos hemisférios que representavam o bem e o mal, alegria e tristeza, luz e escuridão, guerra e paz
    Pensei que fosse outro sonho, mas agora tudo parece claro para mim

    Sinto o cheiro de incenso e viro-me para trás, surpreso
    Sinto-me hipnotizado, encantado, enfeitiçado
    Claramente ainda posso ver o altar do oráculo no cume da escadaria
    Claramente ainda posso ver o ponto mais alto de Olimpus
    Claramente ainda vejo a incrível beleza das cidades esculpidas e posso sentir os espíritos dos homens de outrora, revelados nos trabalhos e nas esculturas que deixaram neste mundo
    O encantamento toma conta de mim

    Então, de repente, todo o caos cessou em mim
    A escuridão de toda confusão esclareceu-se em minha mente
    Caí em um colapso de quietude e serenidade conscienciais
    Uma súbita calmaria tomou conta de minha alma
    Uma súbita paz tomou conta de mim
    Os deuses ouviram meu intenso silêncio gritar e ficaram a me admirar, perplexos

    Estava tão repleto de fascinação e entendimento que pude enxergar um modo de vida completamente diferente, um modo de vida que se desintegrou há muito tempo atrás.
    Naquele momento pude perceber o quanto a vida tornou-se sem significado com a perda de todas aquelas coisas que foram soterradas pelo tempo.

    Eis aqui um significado para minha vida...

    Imploro a Cygnus que pacifique meus problemas com seu corpo leve e acolhedor
    Rogo que prometa-me conforto através dos tempos

    "Tenho que ir embora antes do nascer do sol
    Meu coração estará com você, enquanto meu corpo vagar pelas eras
    "

    Vivo um longo início de dia, quando todas as coisas agora são novas para mim
    Percebo então que nunca assisti o céu nascer todo os dias
    Percebo que nunca caminhei por campos orvalhados
    Nunca olhei nos olhos das crianças
    Nem deitei na areia da praia
    Percebo que sempre vivi uma vida sem fôlego
    Que sempre vivi ignorando o que há de subjetivo e belo ao meu redor

    Adormeço em frente ao mar, acariciado pelo vento que balança meus cabelos

    De volta à realidade

    Subitamente, finalmente acordo, em meu quarto, com o sono ainda em meus olhos
    O sonho ainda está em minha cabeça
    Esboço um suspirado e triste sorriso
    E deito-me novamente na cama

    Desejava que aquilo ficasse, sem se deteriorar como todos os meus outros sonhos

    Parei para refletir no que minha vida poderia vir a ser em um mundo como o que eu vi
    Parei para pensar no que poderia vir a ser a vida do mundo que eu conheci esta noite
    Acho que não seria capaz de viver naquela vida fria e vazia

    Agora procuro por uma pergunta para a resposta que encontrei...

    Subir ao início


    Maresia

    Maresia
    Atitude marinha
    Fuga de si
    Abandono do mar quando o mar vira ar

    Ar marinho
    Ar daninho
    Ar sozinho
    Ar líquido despojado do mar

    Maresia
    Ligação aerolíquida do mar com o ar
    Fenômeno escondido e sozinho

    Ferrugem consumista
    Ferrugem do tempo
    Traçoeira, penetrante
    Invisível, envolvente
    Sem pressa, sem culpa
    Sem essa, sem desculpa

    Maresia
    Água consumindo ferro
    Líquido possuindo sólido
    Água mole em metal duro...
    Poderio invertido dos elementos

    Vento balneário
    Vento litorâneo
    Poeira líquida de mar gasoso
    Poeira gasosa de mar líquido
    Partículas rarefeitas de poeira sublimada
    Partículas sublimadas de poeira rarefeita

    Maresia
    Heresia em gotas
    Complor oceânico
    Vingança marítima

    Subir ao início


    Piscinas de luz crua

    Um mergulho no essencial da alma seria para mim um vagaroso pulo para dentro de mim mesmo. Provocar o transbordamento das emoções mais sutis talvez represente a mais sóbria das loucuras que desejamos doidamente realizar. Um ato metafísico, uma viagem nua, um salto quântico para através da minha própria antimatéria. Um auto-hipnotismo que traz consigo a dormência de todos os meus sentidos auto-destruidores. A simulação irreal de um sonho muito profundo, realista demais para ser um sonho de verdade. Uma projeção astral às avessas, uma experiência intra-corpórea. A flutuação através das cores e dos sons, submerso em uma piscina de luz crua. A sensação dos acordes, o cheiro do nada. Imagens mal rodadas, movimentos em câmera lenta, tons foscos e intimistas, vapores musicais suavimente intensos...

    O mergulho ao fundo de mim mesmo é viagem sem vontade de volta, é ida sem saída.

    O essencial do espírito é o avesso. O essencial da alma é o infinitamente improvável...

    Subir ao início


    Curiosidades de vida

    Deixe-me ver o que está por trás de tudo, por trás do veludo, por trás do minuto. Me dê ao menos um minuto para enxergar o que há por trás da lua, da rua, da sua, do sorriso da madame, do gesto do farsante. Deixem-me ver o que esconde o mar, o ar, o tiro para o alto, o hino da pátria, o grito do menino, o pouso do mosquito. Preciso descobrir o que revela a reunião de pauta, a placa de contramão, o som das conchas do mar, os carrinhos de pipoca, o sol que cai no mar.

    Quero saber o porquê do enjôo do marinheiro, do cheiro do galinheiro e do galo do carteiro. Quero saber quem escondeu o fim do mundo, quem achou o início de tudo e quem é Deus.

    Quero que me digam onde é que o vento faz a curva, exatamente onde dobra o Cabo da Boa Esperança, onde Judas perdeu as botas, onde nunca ninguém foi, onde de nunca ninguém voltou.

    Quero que me digam como é possível morrer de fome, alguém matar e suportar viver. Quero que me digam como se faz para morrer...

    Subir ao início


    Declive liberdade
    (Estilo da costa)

    Multidão. O point está inchado. Pressa, muita pressa. O litoral estava sob medida. O trajeto parecia um relâmpago. As equipes estavam aumentando. Elas tinham aptidão, conveniência, segurança, custódia. Era inverno na cidade. Eles examinavam cuidadosamente seus contornos, a maré. Em torno da baía cruzava um longo oleoduto. Declive Liberdade queria o pôr-do-sol. Era o suficiente. Todos ouviram o estalar da taça mundial. Então, pranchas furaram as ondas com violência, ferozmente. Os pacotes eram grandes e pesados. Os costumes eram legais. Eles, com suas esguias ferramentas, arremesavam-se diretamente para o mar e não perdiam uma oportunidade de fluir mais e mais sobre a água salgada, espumada. A barbatana, a nadadeira. À direita da parede via-se a floresta virgem, o canhão, as nádegas. Era o oceano Pacífico ou Meridional? Bem, o pôr-do-sol já voltava para o melhor e mais bonito lugar do mundo. Estes e aqueles momentos em breve retornariam, porque foi apenas um dia, mais um dia de competição em Declive Liberdade.

    Subir ao início


    Como pegar um poema nos dedos

    Separe uma garrafa de vinho tinto de boa qualidade, sente-se em algum lugar confortável e, à meia-luz, comece por recordar uma série de fatos amorosos inúteis que o leverá a uma série de abstrações resultantes desses mesmos fatos como experiências em si. Repare na velocidade estática em que esses dados se processam em sua mente e certifique-se para que sua sobriedade e uso da razão estejam sempre à frente dessas imagens. Afinal, seu passado não pode deixá-lo para trás, assim sem mais nem menos. Lentamente, pouco a pouco vá registrando tudo aquilo que julgar como sendo um resultado crítico entre aquilo que você imaginou com aquilo que você naturalmente questionou enquanto imaginava. Não se importe demais com a forma lógica do texto. Às vezes o conteúdo em si não tem muita importância. Mova-se mais pelo modo de dizer aquilo.

    Obs.: não tente se aventurar a encontrar nesta tarefa a busca dos fundamentos, sejam eles quais forem. Concentre-se ainda apenas no passado, que rápida e consequentemente o futuro (que na verdade será seu maior consumidor) virá. Trabalhe com toda liberdade disponível, sem que isso se torne uma obsessão. "Alguns são tão obcecados pela liberdade que se tornam prisioneiros de sua obsessão..."

    Subir ao início


    Curtindo estar sozinho

    Uma noite silenciosa
    Uma casinha de madeira em algum lugar alto, bem longe
    Uma chuva escorrendo pela janela
    Uma garrafa de vinho
    Um charuto acesso
    Uma boa comida no fogão

    Um gato dormindo na cozinha
    Um computador em frente de mim
    Um telefone mudo sobre a mesa
    Uma música suave e ambiente

    Talvez alguma garota?...

    Subir ao início


    Quando eu era jovem
    (escrito aos 14 anos de idade)

    Quando eu era jovem
    Via o mundo num poderoso globo fechado
    Uma imensa e frágil bola de cristal
    Cheia de feitiços e adivinhações

    Tudo parecia muito claro
    Num instante confuso
    Era tudo muito claro
    Até quando perdi o medo do escuro

    Sempre olhando as mesmas paisagens
    As mesmas pessoas diferentes entre si, de um lado para o outro

    Vivendo novas paisagens
    Fiquei com medo do que dizia
    Tinha medo de ser mais um sonhador

    Quis desfazer os meus primeiros erros
    Mas o tempo não quis voltar atrás
    Procurei então não mais errar
    Mas o mundo não quis deixar

    Quando eu era jovem
    Sentia o mundo um peito aberto pro espaço
    Grande demais para mim
    Ele era pouco, muito louco
    Não servia pra mim

    Tudo parecia do meu lado
    Mas a busca era tão distante
    Algo inevitável nessa constante procura
    Até quando me faziam esquecer de mim

    Sempre imaginando várias soluções
    Para o que às vezes parecia não ter solução
    Será verdade, será que não
    Ainda me restava o medo de ter mais medo

    Quis sempre demais talvez
    A separação entre vida e desejo
    Isso um dia passou e ninguém mais errou
    Tentei então trocar de lugar
    Mas o mundo não quis mais mudar

    Subir ao início


    Viajante das galáxias

    Não consigo me ver
    Meu espelho não reflete minha imagem

    Não consigo me ouvir
    Por não me ver, um dia não sabia onde estava e me deixei levar por um monte de sequestradores da razão

    Não posso falar
    Por não me ouvir, nunca sei o que se passa ao meu redor

    Sou um viajante das galáxias, e saber o que exatamente sou não cabe a mim
    Sou um mochileiro das galáxias, personagem de uma história sem fim

    Minha responsabilidade é para com o futuro
    Um futuro guardado em uma gavetinha qualquer em uma outra dimensão do tempo e do espaço
    Esse futuro inexistente que sempre estará pronto em algum lugar

    Não sinto dor - minha dor é o amor
    Não me incomodo com a ordem da certeza, com o silêncio que vem de Deus
    Em viver para sonhar a vida e sonhar para viver o sonho
    O sonho da vida em elevação
    A vida do sonho da conquista
    A conquista do conhecimento paranormal, do conhecimento pleno daquilo que está além de mim

    Viver a certeza da maturidade interior
    Voltar a sonhar e aterrissar no campo dos sonhos
    Numa história sem fim...

    Subir ao início


    Desejos suicidas de vida

    Um dia eu vou morrer e todas essas dúvidas acabarão
    Um dia deixarei de pensar no que fazer
    Deixarei todas as minhas roupas de molho e jogarei minhas lentes de contato no chão
    Um dia verei o mundo com os olhos do sábio e me arrependerei por não tê-los aberto antes

    Estarei sereno, sinestésico, porém contrariado por não ter vivido todas as coisas tiradas de minhas observações momentâneas
    Estarei procurando uma razão para me ver flutuando ali, assim...
    Estarei como sempre estive - só que pela última vez
    Um dia estarei assim, de vez, pela última vez

    E, quando este dia chegar, verei que na verdade não fui nada até ali, a não ser um projeto de mim, um embrião da posteridade
    Verei um punhado de fatos em um, como numa imensa e intensa recapitulação de flashbacks do passado, presente futuro
    Quando esse momento chegar, desejarei estar longe o mais rápido possível
    Espero guardar minhas memórias e levá-las comigo
    Espero não esvaziar-me no tempo
    Espero não ter mais que esperar
    Espero não ter que me transformar em algo pior, ou algo que ainda não fui
    Espero ir
    Ir e não mais voltar...

    Subir ao início


    Dor e choro

    Dor e choro não são necessariamente causa e consequência. Posso chorar de dor, sentir dor e não chorar, chorar sem sentir dor. Então incrivelmente posso conhecer essas três formas de sofrimento por um único, pelo mesmo motivo.

    Meu choro libera em lágrimas toda a angústia condensada que foge de dentro de mim, pressionada pela indiferença dos homens;

    Minha dor me faz rever a derrota da conquista por um sincero abraço, representada pelo desprezo da Senhora dos Sonhos;

    Meu choro e minha dor, juntos, regam as sementes de um passado cinza, seco, de fronteiras para o conhecimento do futuro - memórias do fogo, partes de uma história sem fim.

    Dor é o choro do corpo e da alma.

    Dor e choro nem sempre estão juntos, mas se meu coração dói e eu choro, o choro passa, a dor nem sempre se vai...

    Subir ao início


    Autoquestionamento

    Nas terras da minha imaginação está chovendo dentro de mim. A verdade das lembranças não volta mais e tudo que por mim passou realmente já não passa de passado passado. Muitos sonhos morreram, outros simplesmente esqueci, alguns troquei por pequenos desejos.

    O que há de tão subjetivo no processo da vida que me leve a desenvolver de maneira tão inexata uma consciência voltada para uma análise tão abstrata de tudo aquilo que me cerca e que ao mesmo tempo parece não existir?

    Subir ao início


    Importantes decisões de um homem solteiro
    (Anotações de agenda)

    26 de Dezembro de 1995.

    A partir de hoje vou decidir que devo ser mais cuidadoso e por isso deixarei a válvula do gás sempre fechada. Vou decidir que devo mandar colocar um visor do tipo "olho mágico" na porta de meu apartamento e que também devo instalar um alarme em todas as janelas suspeitas. Vou decidir que devo trocar o elevador pelas escadas de incêndio, sempre que puder, naturalmente. Também vou decidir que devo parar de me divertir simulando balizas com o carrinho de compras no supermercado, principalmente aos sábados pela manhã e nos horários de pico. Ainda quanto aos supermercados e feiras em geral decidirei que devo parar de perder vários minutos tentando me decidir em qual caixa vou passar só para escolher a atendente mais bonita. Vejo que também devo parar de ficar passando a mão na cabeça de todo cachorro vira-lata que encontro pelo caminho... e principalmente que devo sempre lavar as mãos depois disso. devo parar de ficar disparando bolinhas de papel de bala nas pessoas que passam sob minha janela e de ficar observando com uma luneta o que se passa nos apartamentos dos prédios vizinhos. Devo evitar de ficar tomando eternos longos banhos quentes e de ter medo de água fria, assim como devo parar com essa mania de entornar explosivos copos de água gelada ao chegar em casa nos dias mais quentes e principalmente nos dias de inversão térmica. Devo parar de ficar constantemente comprando enormes e longas barras de chocolate e, antes que isso aconteça, devo parar de melar o travesseiro enquanto as estiver consumindo. Ah! Recordo-me que tenho que mandar lavar a fronha do mesmo, já há dias manchada por um desses novos cremes de cacau, especialmente desenvolvidos para indivíduos tentanto largar o vício dos achocolatados em geral. Devo trocar as revistas em quadrinhos pelos jornais diários e devo comprar uma vassoura cá pra casa, assim como devo parar de usar o aspirador de pó como ferramenta básica na limpeza semanal de Brully, um peludo gato gordo que crio. Devo ainda mudar radicalmente minha alimentação para algo mais natural e verde, assim como devo ir para cama mais cedo, sempre que estiver em casa nesse nobre horário ou nos dias em que a TV sair do ar. Afinal, dormir bem é fundamental. Oh! Lembrei que devo, ainda, comprar um relógio-despertador para o meu quarto e que devo colocá-lo bem longe de minha cama, para que seja obrigado a levantar-me para desligá-lo - assim já estarei de pé. Precisarei de pilhas também. Acordar cedo também me parece fundamental.

    OBS: Comprar agenda nova para 1996, do tipo permanente, já que todas as outras são jogadas fora e todo ano tenho que reescrever tudo isso novamente...

    Subir ao início


    O começo do futuro

    Não vou esperar para ser feliz até ganhar mais dinheiro
    Porque eu sempre desejarei mais...

    Não vou esperar para ser feliz até que eu tenha as melhores coisas
    Porque o melhor será o melhor por apenas por pouco tempo...

    Não vou esperar para ser feliz até que eu aparente melhor
    Porque independentemente do quão bem eu aparente, as boas coisas vêm de dentro...

    Não vou esperar para ser feliz até que eu seja perfeito
    Porque eu não tenho que ser perfeito - eu só tenho que ser eu mesmo...

    O tempo para ser feliz é agora
    O lugar para ser feliz é aqui
    E a escolha para ser feliz é minha

    Subir ao início





    GLOSSÁRIO


    Pablo Escobar História, página policial - Famoso traficante de drogas colombiano morto em uma emboscada policial após sua última fuga, há alguns anos atrás.

    Igreja Anglicana Religião - A Igreja da Inglaterra, assim como a igreja em outras nações que estejam em concordância com a primeira, no sentido de sua doutrina, disciplina e comunhão com o Arcebispo de Canterbury. Também chamada de Comunhão Anglicana.

    Barchetta Automobilismo - Pronuncia-se "barketta". Um tipo de carro de corrida esportivo da Ferrari, lançada na Itália em 1959. Maiores informações podem ser encontradas no livro "The Complete Ferrari" (por Godfrey Eaton, 1986, Cadogan Books Ltd.).

    Ortotetraquidecaedrons Química - compostos químicos encontrados em alguns alimentos.

    Monte Olimpo Mitologia grega e folclore - Originalmente, "Olympus". A montanha mais alta da Grécia (2.918m), lendário lar dos místicos deuses gregos e romanos. Algumas estórias os têm morando nesta montanha, enquanto outras os têm morando em uma região acima dela. "Olympians" (em Português "olimpianos" ou "olímpios") era como eram chamados os deuses gregos. Os "Jogos Olímpicos" eram uma celebração executada a cada quatro anos, na região plana daquela montanha, em nome do deus Zeus (leia sobre ele abaixo). Eles incluíam jogos de atletismo e concursos de poesia coral e dança. Nossos modernos jogos olímpicos foram continuados a partir daquele modelo.

    Zeus Mitologia grega e folclore Principal deus do Pantheon grego, monarca dos céus e pai/chefe dos outros deuses grego-romanos e heróis mortais. Lutou contra os Titans (em Português Titãs) para assumir o controle do Universo. Vivia sobre o cume do monte Olimpo, de onde atirava trovões para demonstrar sua raiva. Apesar de seu poder fantástico, tinha uma fraqueza: mulheres mortais. Frequentemente descia às terras baixas para passar momentos com alguma que tivesse chamado sua atenção.

    Pantheon História Do grego Pantheion. Um templo circular localizado em Roma, terminado no ano 27 a.C. e dedicado a todos os deuses. Também pode ser interpretado como o coletivo de deuses.

    Bacchus Mitologia grega e folclore - Em Português, "Baco". Deus grego e romano do vinho, da farra e de uma religião orgiástica que celebrava o poder e a fertilidade da natureza. Também é conhecido como Dionysus (em Português Dionisius), do nome grego Dionusos. Na pintura, Baco é frequentemente representado comendo cachos de uvas, levados à sua boca por lindas mulheres submissas. Os seguidores de Baco eram chamados de "bacchants". Depois de se fartarem de vinho, eles dançavam alucinadamente e esquartejavam animais - e algumas vezes pessoas. "Bacchanalian" é a festa marcada por beberança imoderada. O nome vem de um festival romano chamado "Bacchanalia" ("bacanália" --> "bacanal"), realizada em reverência a Baco e marcada por orgias e bebedeira.

    Armageddon Bíblia - Segundo o "Livro da Revelação", é o lugar ou a cena da conclusiva e final batalha entre o bem e o mal, profetizada para ocorrer no fim do mundo, envolvendo "os reis da terra e todo o mundo". Figurativamente, o Armagedon (seu equivalente em Português) é qualquer grande batalha ou confrontro destrutivo ou catastrófico. Também conhecido como nome que designa a região montanhosa de Megiddo.

    Apollo Mitologia grega e folclore - O deus grego e romano da poesia, música, profecia, medicina, luz. Apollo representa todos os aspectos de civilização e ordem. Zeus era seu pai e Artemis sua irmã. Algumas vezes identificado com o sol, por ser representante da natureza ordenada e controlada Apollo é frequentemente contrastado com Dionysus, deus que representa as energias criativas e selvagens.

    Paraíso Literatura, filosofia e religião - O Jardim do Éden; o lar das almas puras e sem pecado; céu celestial. Um lugar de descanso intermediário para as almas puras esperando pela Ressureição. Um lugar de beleza ideal e amor. Um lugar ou estado de pura felicidade.





    NOTAS


    1. A fórmula C13H18(20)N2O3P2, citada no texto "Fatos de um dia", é a representação química do componente alucinógeno de algumas espécies de cogumelos.

    2. The Camera Eye foi uma música lançada em fevereiro de 1981 pela banda de rock canadense Rush, onde é feito um paralelo entre as ambiências das cidades de Londres e New York. No texto "Crônica inacabada", esta música tocava no rádio do carro de Jack por estar nas paradas musicais da época, quatro meses após seu lançamento mundial.

    3. A Nice Morning Drive é uma pequena estória escrita por Richard S. Foster e apareceu pela primeira vez na publicação "Road & Track" (novembro de 1973, páginas 148 à 150). No texto "Crônica inacabada", o personagem Jack a tinha como sua crônica predileta porque a mesma narrava as peripécias de um jovem no carro de seu tio, uma Barchetta vermelha, o mesmo carro que possuia.

    4. O texto "Fatos de um dia" foi inspirado no ensaio "Reminiscências: pessoas e lugares", de Woody Allen.

    5. O texto "Sonho" é um misto da tradução adaptada de algumas letras de músicas dos discos "Caress of Steel" (1975), "2112" (1976) e "Farewell to Kings" (1977), da banda canadense Rush, com inserções e modificações originais de minha parte. O baterista da banda e autor original das letras, Neil Peart, criou parte delas inspirado no poema "Kubla Khan" (de Samuel Taylor Coleridge, escrito em 1816) e após ter lido o livro "Powers Of Mind" (a partir de onde ele escreve sobre a divisão do cérebro em hemisférios, com os personagens Dionisius e Apollo controlando os lados esquerdo e direito, respectivamente - Cygnus surge em cena como aquele que traz o balanço e a harmonia entre ambos).

    6. Westminster e Picadilly Circus, citados no texto "Crônica inacabada", são lugares típicos de Londres, capital da Inglaterra.

    7. "Sou um museu de grandes novidades", citado no texto "Sentimentos noturnos", é uma frase da música O tempo não pára, do falecido cantor e compositor brasileiro Cazuza.

Subir ao início